Pobre garota



Uma garota quase igual às outras, não seguia a moda, mas parecia ser legal. Ingênua, certeza que fosse uma daquelas piscianas delicadas e sensíveis, mesmo com sua cara amarrada andando pelo corredor para afastar qualquer um que a quisesse tocar, parecia boa gente.

Para ela se apaixonar é algo muito difícil, nunca foi compreendida ou simplesmente correspondida, mesmo assim ela não parou de amar, ela buscava o amor daqueles que não a queriam de jeito nenhum. Muita gente diz que dá valor as pessoas erradas, mas às vezes é só para bancar de bacana, ela não, ela sempre fez isso, e não precisou sair espalhando sua boa ação para meio mundo, claro todos sabiam que ela o amava, mas pouquíssimos o que ela passava. Antes ela se torturava com todo esse passado, hoje ela vê que sim, foi uma boa ação, ela deu amor, deu compreensão e atenção para aquele que não merecia nada, para aquele jovem rapaz que mal sabia amar, muito menos ser amado.

Ele era um dos mais cobiçados da escola, ela até tinha chance de ser alguém conhecida, só bastava ela se empenhar, se tornasse alguém com um sorriso plástico, ou simplesmente uma palhaça, isso define bem o que são garotas populares na cidade de porte médio onde ela mora, mas essa máscara era pesada demais pra ela sustentar.

Enquanto ele jogava em um dos melhores times escolares, ela ficava na arquibancada aplaudindo, vibrando, não gritava, mas dava pra ver em um só olhar o quanto ela queria que ele fizesse um gol, e se lembrasse de dedicar à ela. Ele o fez, pulou, deu meia volta e fez um coração com um sorriso no rosto para ela, ela duvidou que fosse verdade, mas era a única garota daquele bando e ele tinha prometido. Aos olhos dos outros ele estava na dela, era isso que ela queria, e rezava pra ser. Pobre garota, ele só a olhava como pequena menina que estava perdida, já que ele sabia o quanto ela gostava dele abusava disso.

Passou tanto tempo, ele fez outros gols, mas dessa vez não mais pra ela, pra outras, que talvez fosse para as garotas que ele realmente gostava. Ele mudou de tom, de caminho quando a via no mesmo, abraçava imediatamente outra garota pra ela não chegar perto, ela entendeu o sinal de distancia e tragicamente chorou. Afogou-se em seu travesseiro, foi ali que ela quis parar de viver, Deus não a ouviu, deu bem mais vida à ela, e hoje ela só reza para esquecer essas lembranças, porque a boa ação ela já parou de fazer.
Mayara Costa

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